quinta-feira, 9 de novembro de 1995

Momoco



Eu surgi das sombras desse lugar em uma noite fria que se tornara quente devido ao fogo.
Sou a solidão de tudo! Anos só neste velho teatro, em um repouso absoluto junto as cortinas do palco que agora não são mais vermelhas. Não abrem e nem fecham, deveriam anunciar mais um espetáculo mas ele nunca saiu do papel.

Chico escrevera a peça "Seis Personagens à procura de um autor", mas o incêndio roubara a cena e só sobrou cinzas.

Em meio a essa triste história, a mais triste dessa cidade, me recordo da beleza de certa mulher misteriosa, que atuava com a alma e que tinha o olhar mais indiscreto que já vi.

Momoco. Ela veio ensinar teatro aqui em Dionísio e passou a amar tanto esse lugar, que até hoje não se separou dele.

Atualmente  já não é possuidora de toda aquela beleza e mistério incomuns. É possuidora de fios brancos, que a idade lhe deu como presente que não se recusa. Mas o olhar... Ah! Esse continua o mesmo.

Ela vem de vez em quando aqui relembrar o passado e gastar seu presente com a saudade. Anos maravilhosos de que se recorda perfeitamente toda vez que sobe no palco. Vínculo forte que nunca se desfez, pelo contrário, Momoco sonha em reerguer a sua casa: O Teatro Dionísio.

(Atenção! Antes de assistir ao vídeo pause ou diminua a música  instrumental do blog, que se encontra na parte superior da página) 

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